"Tudo passa, menos a adúltera.Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém."(Nelson Rodrigues)



uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura. Grave e metódica até à mania, atenta a todas as subtilezas de um raciocínio claro e lúcido, não deixo, no entanto, de ser um D. Quixote fêmea a combater moinhos de vento, quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a pedir novas mentiras à vida, num dar de mim própria que não acaba, que não desfalece, que não cansa”.
“Mas o exame revelou que não tinha febre, nem dor em nenhuma parte, e a única coisa que sentia de concreto era uma necessidade urgente de morrer. Bastou ao médico um interrogatório insidioso, primeiro a ele e depois à mãe, para comprovar uma vez mais que os sintomas do amor são os mesmos da cólera.”
"Deixar doces pegadas no coração de um amigo faz parte de saber caminhar com amor..."
(Desconhecido)
“Grande astro! Que seria da tua felicidade se te faltassem aqueles a quem iluminas? Faz dez anos que te abeiras da minha caverna, e, sem mim, sem a minha águia e a minha serpente, haver-te-ias cansado da tua luz e deste caminho. Nós, porém, esperávamos-te todas as manhãs, tomávamos-te o supérfluo e bendizíamos-te. Pois bem: já estou tão enfastiado da minha sabedoria, como a abelha que acumulasse demasiado mel. Necessito mãos que se estendam para mim. Quisera dar e repartir até que os sábios tornassem a gozar da sua loucura e os pobres da sua riqueza. Por isso devo descer às profundidades, como tu pela noite, astro exuberante de riqueza quando transpões o mar para levar a tua luz ao mundo inferior. Eu devo descer, como tu, segundo dizem os homens a quem me quero dirigir.
Abençoa-me, pois, olho afável, que podes ver sem inveja até uma felicidade demasiado grande! Abençoa a taça que quer transbordar, para que dela manem as douradas águas, levando a todos os lábios o reflexo da tua alegria! Olha! Esta taça quer de novo esvaziar-se, e Zaratustra quer tornar a ser homem”.
"Chegou a noite e foi morrendo a esperança. Talvez ontem te tenha lido mal os olhos gelados e o sorriso trancado. E a cerveja a cair-te aos trambolhões pela garganta. E havia uma perna que de vez em quando batia na minha e voltava para trás. E passado um bocadinho batia de novo e depois já não voltava para trás. E a indiferença com que me disseste então não vens amanhã e eu vim eu estou aqui. Como é que eu pude achar que. Porque agora os meus olhos já nunca encontram os teus. E a noite vai durar para sempre porque eu não posso ir embora chorar a minha decepção."