
Questionei um desses homens e perguntei-lhe para onde iam assim, ele me respondeu que de nada sabia, nem ele nem os outros; mas que, evidentemente, iriam a algum lugar, pois eram impulsionados por uma invencível vontade de andar. Coisa curiosa de se anotar: nenhum desses viajantes tinha um ar irritado contra a besta feroz pendurada em seu pescoço e colada às suas costas. Dir-se-ia que as consideravam como fazendo parte deles mesmos. Todas essas faces fatigadas e sérias não testemunhavam qualquer desespero; sob a cúpula ente-diante do céu, os pés afundados na poeira de um chão também tão desolado quanto este céu, eles caminhavam com a fisionomia resignada dos que são condenados a esperar sempre. E o cortejo passou a meu lado e se afundou na atmosfera do horizonte, no local onde a superfície arredondada do planeta se furta à curiosidade do olhar humano. E durante alguns instantes eu me obstinava em querer compreender este mistério, mas logo uma irresistível indiferença se abateu sobre mim e eu fiquei mais pesadamente oprimido do que eles próprios por suas esmagadoras Quimeras.