sábado, 5 de fevereiro de 2011
Eu te pareço louca?Eu te pareço pura?Eu te pareço moça?
Em que lugar da sala
Guardarás o meu verso.
Distanciado
Dos teus livros políticos?
Na primeira gaveta
Mas próxima à janela?
Tu sorris quando lês
Ou te cansa de ver
Tamanha perdição
Amorável centelha
No meu rosto maduro?
E te pareço bela
Ou apenas te pareço
Mais poeta talvez
E menos séria?O que pensa o homem
Do poeta? Que não há verdade
na minha embriaguez
E que me preferes
Amiga mais pacífica
E menos aventura?
Que é de todo impossível
Guardar na tua sala
Vestígio passional
Da minha linguagem?
Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?
Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste!
{Hilda Hilst}
Repentinamente aparecia
como se lembrasse de algo guardado há anos na memória.
Tal qual um lobo,
sedento pela tenra carne da presa.
Chegava sorrateiro,
quase não fazia barulho, cheirava e cercava.
Saciava a fome, a sede, a carência e partia,
tornando a submetê-la ao frio a que estava acostumado.
http://milfacesdeluiza.blogspot.com/
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